CIÊNCIASQUÍMICA

Metais e Ligas Metálicas, sua História e Composição. Parte 2

Pedaços de Zinco Metálico. Fonte da Imagem: Memória Votorantim (2018).
Pedaços de Zinco Metálico. Fonte da Imagem: Memória Votorantim (2018).

Autoria: Alberto Federman Neto, AFNTECH.

Revisto e Ampliado em: 31 de Julho de 2024.

2. PARTE 2. ALGUNS OUTROS METAIS:

Veja a  Parte 1,  sobre os Metais mais antigos, e Parte 3, História das Ligas Metálicas.

Continuando com essa série de Artigos,  a História de alguns outros metais importantes na Alquimia e na Química, mas que ainda não eram conhecidos na Antiguidade.

A figura que ilustra este artigo. São pedaços, fragmentos, de zinco metálico. Fonte da Imagem:   Site Memória Votorantim, (2024), imagem, Facebook, mvotorantim ( 2018).

Cronologia da descoberta dos metais. Universidade de Waterloo, Canadá (2019).

2a) Arsênio, um semimetal:

Começaremos citando um antigo elemento, o Arsênio, por sua importância histórica  no contexto deste artigo. Embora, lembre, o Arsênio não é um metal, é um Semimetal ou Metalóide.

Observação do Autor. Em Inglês, o termo “Arsenic“, tradução, “Arsênico”, indica o elemento químico As , e também o  conhecido veneno. Mas em Português, “Arsênico” é o trióxido de arsênio, o veneno… Portanto o elemento químico é “Arsênio“.

Não o elemento arsênio, mas o Arsênico, o veneno, As203,   é conhecido desde a Antiguidade e entre os Alquimistas. RSC, Royal Society of Chemistry (2024). Suas propriedades venenosas faziam com que fosse associado ao mal, ou ao demônio.

O Alquimista Árabe Geber acreditava que ele fosse composto dos elementos mercúrio e enxofre, e o associava ao terceiro princípio na formação e evolução dos metais.

O enxofre puro formaria o ouro e o arsênico puro, formaria a prata . Isso é interessante, e é uma antevisão de propriedades químicas, posto que enxofre e arsênio são próximos na tabela periódica. Além disso Geber, havia isolado o arsênico e o enxofre em forma pura.

O Arsênico também foi preparado pelo Alquimista Egípcio Agathodaemon . Outros Autores reportam que se tratava de um pseudônimo, identificado como do Alquimista Egípcio Zózimo de Panápolis. LOMBARDE, W.; KIOURANIS, N.M.M. ENCITEC Ens. Ciênc. Tecnol, Rev. 11, 65 (2021). Outro Link.

Como veneno, como medicamento, ou como corpo em experimentos de Alquimia, o Arsênico, As2O3 era conhecido entre os Gregos e os Romanos, por volta de 400 a 100 DC.

Ele começou a ser preparado por Alquimistas e Farmacêuticos Chineses. ZHU, J.; REN, D. Scienc. China Life Scienc. 59, 1086 (2016). Outro Link. Eles podem ter preparado também o elemento Arsênio, As, embora usassem muito mais os minerais naturais.

Um Alquimista Chinês, Ge Hong , outro link, teria obtido o elemento Arsênio, a partir de um  Mineral , chamado Realgar. (Descoberto por Alquimistas Árabes) . Realgar, Revisão.

Que é um sulfeto natural de arsênio. AsS, mais corretamente formulado como As4O4 . Um mineral vermelho, bonito, mas venenoso. Outro Minério é o Oropimente, Auripigmento;

Oficialmente, a descoberta do elemento arsênio é creditada, MONTE, M.J. Rev. Cienc. Element. 8, 005 (2020) , ao Alquimista, Teólogo e Filósofo Alemão, e Santo da Igreja Católica, Bispo Alberto Magno, o Doctor Universalis”. Em 1250. Links: 1, 234, 5, 6, 7, 8, 9, 10. 11, 12, 13, 14, 15, 16. 17. 18.

Ele efetuou a redução de minerais de arsênio, aquecendo sulfetos de arsênio, com sabão.

MAGNO, A.; BEST, M.R.; BRIGHTMAN, F.H. (Editores), “The Book of Secrets of Albertus Magnus.” Editora Oxford University Press, Oxford, Inglaterra, 1973, reedição por Samuel Weiser Inc., York, Maine, EUA, Pág 69 (1999).     MAGNUS, A.; WYCKOFF, D. (Tradutora e Comentarista) “The Book of Minerals.“, Editora Clarendon Press, Oxford, Inglaterra, págs.: 225, 245 (1967). MAGNUS, A. “De Mineralibus“, CESIMA, Centro Simão Mathias de Estudos em História da Ciência. PUC, São Paulo, S.P. (2024).

O Médico e Alquimista Suíco Paracelso (ver meu artigo anterior) também preparou o Arsênio e o Arsênico, e os identificou como venenos e remédios. 

2b) Zinco:

O zinco, Zn, era conhecido como mineral, entre os Romanos, desde cerca de 20 anos AC, mas estudado e minerado principalmente na Índia e na China, de 1500 a 1000 DC. Alquimistas Indianos utilizavam compostos de zinco. Link 21.

O metal e alguns de seus compostos foram estudados por  outros Alquimistas.

O óxido de zinco, obtido pela queima do metal era chamado de “Lã Filosófica“. Paracelso (veja Parte 1) introduz os compostos de zinco como remédios . Compostos de zinco, foram reconhecidos como componentes de formulações da “Pedra Filosofal.” Pouco atacado e resistente ao ar, o zinco era usado para fazer moedas.

Mas os primeiros a estudarem cientificamente, e obterem o metal zinco, por redução dos minérios de zinco por carvão, foram o Mineralogista Inglês William Champion , o Alquimista Flamenco Pierre Moras de Respour …. RESPOUR, P.M.; KELLER, C.F. (Revisor); HILSCHER, C.G. (Impressor)”Rares Experiences sur L’Esprit Minéral Pour la Préparation et Transmutation des Corps Méttaliques.”. Nova Edição Revista e Corrigida, Vol. 1, (1777). Mas se verificava que o metal obtido por Respour não era puro.

E o Descobridor Oficial,  foi o Médico, Farmacêutico e Químico Alemão Andreas Sigismund Marggraf  . Em 1746. Link 21. publicado em Francês: MARGGRAF, A.S. HAUDE, A. (Editor) Hist. Acad. Roy. Scienc. Bell. Arts Berlin, (1748);

Em Alemão: MARGGRAF, A.S.; BEVER, A. (Editor), “Chymische Schriften.” Tradução Livre do Título: “Escritos Químicos.” , Berlim, Alemanha, Vol. 1 , Pág 251 (1768). Outros métodos.

Marggraf também reconheceu o zinco como elemento químico e como metal, Mas o caráter metálico do zinco  havia sido antevisto, pela mesma época, pelo Filósofo, Filósofo Natural e Teólogo Alemão Johann Joachim Lange. LANGE, J.J. ; KURT, J.J. (Editor),”Grundlegung zur einen Chemischen Erkenntenis der Korpen.” Tradução Livre: “Base para o Conhecimento Químico dos Corpos.” Halle, Alemanha, Pág. 169 e seguintes , edição de (1770).

O zinco e seus compostos são hoje importantes em Tecnologia e em Química.

Pela importância técnica, tecnológica e industrial do material, cito algo que não é ferro puro (tratado na Parte 1) também não é só zinco, e nem é uma liga (Parte 3).

O Material chamado Ferro Galvanizado, que é Ferro Zincado, recoberto por zinco.

A galvanização (por imersão em zinco derretido) e a zincagem eletrolítica do ferro, foram descobertas através , link 63, 64, 65, 66, 67, 68, dos trabalhos pioneiros do Médico e Físico Italiano Aloysio Luigi Galvani,  do Médico e Químico Francês Paul Jacques Maloin ,  do Inglês Humphrey Davy, e do  Engenheiro e Inventor Francês Stanislas Tranquille Modeste Sorel . MALOUIN, P.J. Hist. Acad. Roy. Scienc. 76 (1742). DAVY, H. Phil. Mag. 11, 340 (1802)Ibid., 11, 326 (1802). Aloysio Luigi Galvani JAMA, 201, 626 (1967).

2c) Antimônio:

De fato, o antimônio, Sb,  como o arsênio (2a) é um semimetal ou metalóide, mas nele, o caráter metálico já é bem pronunciado e já pode ser considerado um metal.

Ele era conhecido entre os Indianos os Egípcios, principalmente na forma de Estibnita, um mineral, um sulfeto de antimônio (III), Sb2S3 . História do Antimônio. PATTERSON, G. em: FILELLA, M. (Editora), “Antimony. A Brief History of Antimony.” Editora Walter de Gruyter GmbH & Co KG, Berlim Alemanha, Págs: 1 a 16 (2021).

Os minérios de antimônio formavam esmaltes para cerâmica e metais, com variadas cores, e por isso, atraiam a atenção dos Alquimistas.

Um dos principais em alquimia do antimônio foi o  Alquimista, Monge Beneditino Alemão Basile Valentin. Possivelmente um codinome do Alquimista Alemão Johann Georg Thoide.

A ele se atribuí uma famosa obra de Alquimia, sobre o Antimônio e  seus compostos. “A Carruagem Triunfal do Antimônio“. Onde ele descreve a preparação do antimônio metal,  em (1492).

Em Latim: VALENTINI, B.;  FABRI, P.J. (Editor), BOSC, P. (Impressor); “Currus Triumphalis Antimonii.” Toulouse, França, Reedição de (1646).  O procedimento é descrito detalhadamente, mas  de maneira complexa, págs 355-371. Em Português, Comentado.  SILVA, G. Série Manuscritos Alquímicos, AMORC, Volume 1. “Carruagem Triunfal do Antimônio.”

Em Inglês:  VALENTINE, B.; KIRKRINGUS, T. (Tradutor e Comentarista),”The Triumphant Charriot of Antimony. (1678)” Editora EEBO Editions, Proquest (2011).

VALENTINE & KIRKRINGUS, (2011), sobre o texto de (1678)… Citação sobre a preparação do antimônio, e comentários do Autor deste Blog:

Take Hungarian or other Antimony, the best you can get, grind it, if possible, to an Impalpable Powder; this Powder spread Thin all over the bottom of a Calcining Pan, round or square, which hath a Rim round about, the height of two Fingers thickness; set this Pan into a Calcining Furnace, and administer to it at first a very moderate Fire of Coals, which afterward increase gradually:

When you see a Fume beginning to arise from the Antimony, stir it continually with an Iron Spatula, without ceasing, as long as it will give forth from itself any Fume. If in Calcining, the Antimony melt, or concrete into Clots, then remove it from the Fire, and when cold again reduce it to a subtle Powder, and as before calcine it, continually stirring as we said, until no more Fume will ascend. If need be repeat this Operation so often and so long, as until that Antimony put into the Fire, will neither fume, nor concrete into Clots, but in Colour resemble White and pure Ashes: Then is the calcination of Antimony rightly made.

Put this Antimony thus calcined into a Crucible ,get in a Furnace, and urge the Fire with Bellows, or put it into a Wine-Furnace, administering such Firee, as the Antimony may flow, like clear and pure Water. Then, that you may certainly and infallibly prove, whether the Glass made thereof be sufficiently cocted, and hath acquired a transparent Colour, put a long rod of Iron cold into the Crucible, and part of the glass will stick to the Iron, which with a hammer strike off, and hold up against the Light, to see whether it be clear, clean and transparent; if so, it is well, and perfectly mature.

Nota do Autor do Blog, Química Moderna:             Basile Valentin obtém o metal antimônio…  Ao que parece, parte-se de minério de antimônio, Estibnita, Sb2S3, sulfeto de antimônio, pulverizada, e se calcina, esfria, pulveriza impalpável, e volta a calcinar, em presença de alcatrão (que é uma fonte de carbono redutora) A Estibnita se transforma do sulfeto no óxido, Sb2O3, que então é reduzido pelo carvão do alcatrão, produzindo antimônio metal. Veja as reações, de maneira moderna…

No texto, também Basile Valentin prepara  vários compostos de antimônio e outros metais, principalmente acetatos, em solução… ex; “Tintura de Antimônio”. Para isso, destila vinagre, obtendo seu “Espírito”, ácido acético, e reage com as “cales” e o “magistério” de antimônio etc…

Inclusive, os procedimentos e resultados tipo os de Basile Valentin,  acima, foram checados experimentalmente e confirmados,  usando reagentes químicos e equipamentos modernos, em um  interessante e excelente artigo de vários Pesquisadores Brasileiros. A ideia é confirmar que certos experimentos do tempo da Alquimia são corretos e reprodutíveis, e podem ser usados em aulas práticas de Química. É a Química Moderna, validando a História e a Alquimia… Veja o Artigo:

BORGES, P.A.F.; GROENER, L.V.; GOMES, G.P.; RODRIGUES, J.P.; LIMA, G.P.; MUSSEL, W.N.; AUGUSTI, R., FILGUEIRAS, C.A.L. Quím. Nova, 43, 1362 (2020). Outro link para o PDF.

Não se sabe bem se Basile Valentin foi o primeiro a preparar antimônio metal. Ou era conhecido por Alquimistas anteriores. Outros Alquimistas descreveram o metal, mas depois de Valentin. Por exemplo o Alquimista, Pirotécnico e Metalurgista Italiano Vannocchio Biringuccio.  E o Médico e Alquimista Alemão George Agricola

Mas como essas publicações são posteriores, tenho em mente que Valentin possa ter sido mesmo o descobridor do elemento Antimônio. Em 1492.

Sobre isso, você pode ver: HAEFFNER, M. “Dictionary of Alchemy.” Editora Aeon Books, Londres, Inglaterra (2004).  KARPENKO, V. Bull. Hist. Chem.25, 51 (2000). DUVEN, D.I. “Bibliotheca Alchemica e Chemica.” Editora H&S, Utrech, Alemanha (1986).

E  também o livro do Alquimista Alemão, Alexander Von Suchten . VON SUCHTEN, A.; AEDRONIS, G.P.H. (Editor); PERNA, P. (Impressor) “De Secretis Antimonii.“, Estrasburgo, França (1575).

O Alquimista e Metalurgista Italiano Vannoccio Vincenzio Austino Lucca Biringuccio , BELTRAN, M.H.R. Quím. Nova,  21, 504 (1997).  Em sua Obra “Pirotechnia.” , descreve uma das primeiras técnicas para a Metalurgia, e isolar o Antimônio metálico.

Mas o livro foi publicado em Italiano em 1540, cerca de um ano após a morte do seu Autor. Portanto, segundo me parece, a obra de Basile Valentin é anterior.

BIRINGUCCI, V.; NAVÒ, C. (Editor); RAFFINELLO, V. (Ilustrador); NAUO, C. (Impressor) “De La Pirotechnia.” , Veneza Itália, Pág. 6, 17, 72, 73 (1540).  Outras edições e traduções, Links: 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55. 56. 57. 58, 59. 60. 61. 62.

Citação, BIRINGUCCIO, V.; LONGUI, G. (Editor) “De La Pirotechnia.“, Bolonha, Itália, re-edição de (1678):

De la pirotechnia : Libri X. dove ampiamente si tratta non solo di ogni sorte & diversita di miniere, ma anchora quanto si ricerca intorno à la prattica di quelle cose di quel che si appartiene à l’arte de la fusione overgetto dei metalli, come d’ogni altra cosa simile à questa…

Tradução Livre do Italiano, pelo Autor deste Blog:

Da Pirotecnia: Livro X. Onde amplamente se trata não só de todo tipo e diversidade de minérios, mas ainda sobre o quanto se procura em torno da prática dquelas coisas que tratam da arte da fusão, sobretudo dos metais, como de todas as outras coisas similares a estas…

Mas outros autores reportam que compostos de antimônio podem seu muito mais antigos. eram conhecidos dos Egípcios, Caldeus e Babilônios. Link 22.

O Químico Francês Nicolas Lémery  no século XVIII, estudou esse metal. LÉMERY, N.; BOUDOT, J. (Impressor) “Traité de L’Antimoine.” Academie Royale des Sciences, Paris, França (1707).

Observação: O que chamamos no Brasil, de objetos de “Antimônio”, são na realidade feitos de Zamac, uma liga metálica que veremos na parte 3. Nada tem a ver com o antimônio.

2d) Bismuto:

O Bismuto é um outro metal de interesse Químico e Farmacêutico.

Segundo alguns autores, WEEKS, M.E., J. Chem. Educ. 9, 11 (1932), MOHAN, R. Nature Chem. 2, 336 (2010) , os Alquimistas o conheciam, mas frequentemente era confundido com o Estanho, o Chumbo e o Antimônio.

Há referências ao Bismuto no século XV. SUN, H.; LI, H.; SADLER, P.J. Chem. Ber. 130, 669 (1997). Valentin e Agricola (Loc. Cit.) o conheciam, mas também podem tê-lo confundido com o antimônio. Lémery, Loc. Cit. , o havia estudado (1720).

O Bismuto foi isolado pelo Químico Francês , Jean Hellot,  em 1737.  HELLOT, J. Hist. Acad. Roy. Scienc. 101-120 (1737) . Segunda parte da memória, Ibid.  228-237 (1737) . Outros Trabalhos dele.

E estudado  link 24 , e analisado químicamente, pelo Alemão Johann Heinrich Pott e o Sueco Torbern Olof Bergmann .Link 23.

Mas  a descoberta oficial e o caráter metálico e de elemento químico do bismuto foram demonstrados pelo Químico Francês Claude François Geoffroy . Filho do famoso Químico e Farmacêutico Francês Claude Joseph Geoffroy . Juntos, Pai e Filho estudavam o Bismuto.

Publicações, Memórias:     GEOFFROY, C.J. Mem. Acad. Roy. Scienc.  190-194 (1753). GEOFFROY, C.F. Mem. Acad. Roy. Scienc. 296-312 (1753).  Ele faleceu jovem (24 anos) e não pode concluir as suas pesquisas. DORVEAUX, P. Rev. Hist. Pharm. 79, 113 (1932).

Mas ainda levaria um tempo para consolidar o Bismuto como um metal e um elemento químico inequívoco, pois facilmente era isolado impuro, junto com chumbo, ferro, cobre ou prata. Veja: SAGE, B.G. ” L’Art de Essayer L’Or et L’Argent.” Imprimerie de Monsieur, Paris, França, Págs.: 17, 20, 23, 27, 30, 33 etc… (1780).

Mas entre 1803 e 1810, o bismuto foi purificado, para fins médicos ou químicos. Mais fácil quando foram descobertos minérios de bismuto, sem outros metais. MAYE, J. (1804).

O Químico Sueco Jons Jacob Berzelius, em 1813, já considerava o Bismuto, um Elemento Químico.

Investigava-se propriedades de  minerais, ligas  e metais, soprando-os numa chama com um  maçarico de boca, “Blowpipe”. um instrumento de laboratório, hoje obsoleto,  inventado, ou melhor, aperfeiçoado, por Berzelius.  Ex. MOSS, T.F. J. Franklin Inst. 6 , 104 (1843). O maçarico de bocva original foi inventado por Cronsted (Loc. Cit. abaixo, em 2g)

Curiosidade, eu  ainda usei maçarico de boca, no Curso Técnico de Química industrial, nos anos 70.

2e) Magnésio:

Os sais solúveis de magnésio, Mg, são encontrados na água do mar e dos rios.  E até em outros planetas. VANIMAN, D.T. Et Al. Nature, 431 , 663 (2004).

É comum  na crosta terrestre,  quinto metal mais abundante e o 4o ou 5o elemento metálico mais abundante nos organismos vivos.

O elemento químico magnésio foi descoberto em 1755, pelo  Médico e Químico Escocês Joseph BlackBLACK, J.; CLAY, W.F. (Coletor e Editor) “Experiments Upon Magnesia Alba, Quicklime and Other Alcaline Substances.” Editora Simpkin, Marshall, Hamilton, Kent & Co.. Edimburgom Escócia e Londres, Inglaterra, edição de (1893).

O metal, magnésio, foi preparado em 1808, pelo Químico Inglês Humphry DavyWITTE, F. Acta Mat. 23Supp. , 528 (2015). WEEKS, M.E. J. Chem. Educ. 9, 1046 (1932). DAVY, H. Phil. Mag. Series 1, 32, 193 (1908).

Mas em muito pequena quantidade, e misturado ao seu óxido. O metal foi obtido puro, pelo  Farmacêutico e Químico Francês Antoine Alexandre Brutus Bussy , entre 1828-1831. Mémoire Sur le Radical Metállique de L’a Magnesie. BUSSY, A.A.B. Ann. Chim. Phys. 46, 434 (1831).

Útil em Pirotécnica (Fogos de Artifício), em Química (como redutor e para fazer organometálicos), e na indústria metalúrgica (para fazer ligas leves e especiais),

O magnésio metal adquiriu alta relevância a anos, e é produzido industrialmente, em larga escala, principalmente pela China, usando o processo Pidgeon ou a eletrólise ígnea do cloreto de magnésio. Mas a escassez de energia elétrica na China, tende a reduzir a  sua produção. 44, 45.

2f) Alumínio:

O alumínio, Al,  é mais recente. Não é considerado um metal antigo, mas por sua grande importância técnica e tecnológica, eu o incluo neste artigo.

Há algumas  evidências de que o alumínio possa ter sido obtido, isolado pelos Alquimistas Romanos, a partir do alúmem. RUNGE, J.M. “The Mettalurgy of  Anodizing Aluminum.” (2018). E referências citadas.

O alumínio metálico foi obtido em 1825, pelo Físico e Químico Dinamarquês Hans Christian Ørsted. Mas o método usado tinha dificuldades de reprodutibilidade. Em 1827, O Químico Alemão Friedrich Wöhler  isolou o metal puro, pela reação entre o cloreto de alumínio e potássio. WOHLER, F. Ann. Phys. 87, 146 (1827).  HOLMES, H.M. J. Chem. Educ. 7, 232 (1930).

Hoje, o alumínio é  obtido industrialmente em larga escala, por reciclagem ou pela eletrólise ígnea da Bauxita fundida, ou de uma mistura de Criolita e Alumina. É um metal muito importante, todos sabem, até na cozinha, para fazer panelas.

O alumínio é o metal mais abundante e terceiro elemento químico mais abundante na crosta terrestre, depois do silício e do oxigênio. Sua enorme importância estratégica e industrial, faz com que sua História seja muito rica, mas não é objetivo deste artigo.

Caso deseje estudar especificamente a História do alumínio, consulte estes Links: 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40.

2g) Cromo, Cobalto e Níquel:

Incluo esses metais, pela importância que tem na formação de ligas metálicas e imãs.

Embora os metais não fossem conhecidos, os minérios e os pigmentos de cromo, níquel e cobalto já eram conhecidos de Alquimistas e Pintores antigos.

Mas sua composição química ainda não era  muito estudada ou conhecida .

Serviam para fazer esmaltes de cerâmica e pigmentos. O Alquimista Árabe Geber ou Jabir havia estudado os metais. GEBER, SILBER, E. (Editor), “Suma Perfectionis Magisterii in sua Natura.”, Roma, Itália, Págs: 44, 53, 85, Edição de (1510-1520?)

Mas sua obra, ou as traduções, “Pseudo-Geber“, podem ter sido feitas pelo Alquimista Italiano Paulo de Taranto, ou pelo Inglês George Ripley. Veja 44 e 45. 46.

Também o Alquimista Persa Razés, estudou os metais e as cores formadas pela dissolução deles ou de seus sais (alúmens ou vitríolos, que são sulfatos), em ácidos, como o  óleo de vitríolo (ácido sulfúrico) e o “Espírito de Sal” (ácido clorídrico, que descobrira).

Já na fase da Química, o Geólogo e Químico Alemão Johann Gottlob Lehmann, descreveu os primeiros minérios de cromo, pág. 7LEHMANN, J.B.; BEVER, A. (Editor) “Physikalisch-Chymische Schriften.” “Escritos Físico-Químicos.” Berlim, Alemanha (1761).

As cores dos Minérios de cromo e de suas soluções ácidas, atraíram muito a atenção do Químico Francês Nicholas Louis Vauquelin . Que descobriu o cromo no mineral Crocoíta, um cromato de chumbo. PbCrO4. O elemento químico cromo e o metal, também são descoberta dele, 1797-1798. VAUQUELIN, N.L. Phil. Mag. Series 1, 2, 74 (1798)VAUQUELIN, N.L. Phil. Mag. Series 1, 1, 361 (1798). 41.

De fato, Vauquelin  também foi o descobridor de muitos dos ensaios de cátions dos metais de transição, que fazemos em aulas práticas de Química.

O níquel e o cobalto já haviam sido antevistos em minérios de cobre, por Químicos antigos, antes de 1700. PHIPSON, T.L. (1897).

Mas o níquel foi descoberto, em minerais que também contém cobre, pelo Químico e Mineralogista Sueco Axel Fredrik Cronstedt . 1751. Publicado em Sueco, veja referência 7, em: MARSHALL, J.L.; MARSHALL, V.R. Hexagonon, 11 (2014).

O cobalto foi descoberto pelo Químico Sueco Georg Brandt. Em 1735. Ele antevia a possibilidade de descoberta de outros metais novos, além dos conhecidos pelos antigos. Mas ele achava que  o cobalto era um semi-metal, assim como para ele, o era o bismuto.

As publicações originais estão em Sueco ou em Latim. Mas veja 42;  Veja referência 36 em: 43.  E veja: Acta Societatis Regiae Scientiarum Upsaliensis, Anno 3 (1748) BRANDT, G. Cobalti Nova Species Examinata et Descripta“,   Pág. 33 (1748). BRANDT, G.  ” Acta Literaria et Scientiarum Sueciae. “Dissertatio de Semi-Metallis.” (1735).

Alguns metais descobertos nessa época, foram  depois classificados e suas descobertas, sumarizadas. SCHWAB, J.; BRUMMER, P.H.; KIESER, T.; WREDEN, C.J “Metalla in Ordinem Systematicum Digesta.” Tradução Automática do Título: “Metais Dispostos em Ordem Sistemática.” Heildelberg, Alemanha e Wiesen, Suíça (1779).

Sais coloridos de cromo, níquel e cobalto, podem ser vistos nessa imagem. Fonte da imagem: Ihor95, em Adobe Stock.

Veja a  Parte 1,  sobre os Metais mais antigos . Parte 3, História das Ligas Metálicas.

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Graduado em Geografia - Graduado em História - Pós-Graduado em Geografia - Pós-Graduado em História - Graduado em Pedagogia.

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